EMENTÁRIO DE JURISPRUDÊNCIA CÍVEL 8/2013
Estadual
Judiciário
27/02/2013
28/02/2013
DJERJ, ADM, n. 114, p. 390
Ementário de Jurisprudência Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
EMENTÁRIO DE JURISPRUDÊNCIA CÍVEL No. 8/2013
COMISSÃO DE JURISPRUDÊNCIA
Presidente: DES. CHERUBIN HELCIAS SCHWARTZ
Organização: Serviço de Publicação de Jurisprudência (DGCON SEJUR) da Divisão de Gestão de Acervos Jurisprudenciais (DGCON DIJUR) dijur@tjrj.jus.br
Rua Dom Manuel 29, 2º andar, sala 208
Ementa número 1
ACIDENTE NA CALCADA
LESAO FISICA EM TRANSEUNTE
CONSUMIDOR POR EQUIPARACAO
DANO MATERIAL
DANO MORAL
PRINCIPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. FERIMENTO DE PEDESTRE EM DECORRÊNCIA DE ESTACAS DE FERRO EXISTENTES NA CALÇADA EM FRENTE AO ESTABELECIMENTO COMERCIAL DA RÉ. DANOS MATERIAIS E MORAIS. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. IRRESIGNAÇÃO DA AUTORA. CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO. RISCO DO EMPREENDIMENTO. AS CALÇADAS, EMBORA COMPONHAM ÁREA DE TRÂNSITO DA VIA PUBLICA, TEM SUA CONSERVAÇÃO SUBMETIDA AOS ESTABELECIMENTOS A QUE SERVEM. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO MUNICIPAL PARA COLOCAÇÃO DAS BARREIRAS QUE CAUSARAM O ACIDENTE. DANOS MATERIAIS E MORAIS CARACTERIZADOS, ESTES FIXADOS EM R$ 5.000,00 (CINCO MIL REAIS) EM OBSERVÂNCIA AOS CRITÉRIOS DE PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
Precedente Citado : TJRJ AC 0009165 14.2006.8. 19.0210, Rel. Des. Elton Leme, julgada em 23/05/ 2012 e AC 0103755 28.2006.8.19.0001, Rel. Des. Ricardo Couto, julgada em 09/11/2011.
APELACAO CIVEL 0006284 47.2006.8.19.0054
SAO JOAO DE MERITI DECIMA QUINTA CAMARA CIVEL
Unânime
DES. FERNANDO CERQUEIRA Julg: 27/11/2012
Ementa número 2
AGRESSAO FISICA ENTRE PROFESSOR E ALUNO
RESPONSABILIDADE POR ATOS DE PREPOSTOS
DEVER DE SEGURANCA
FALHA NA PRESTACAO DO SERVICO
DANO MORAL IN RE IPSA
REDUCAO DO DANO MORAL
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL. CONSUMIDOR. AÇÃO DE PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO. PEDIDO DE RESPONSABILIDADE CIVIL (DANO MORAL). ALUNO E PROFESSOR QUE TROCAM AGRESSÕES EM SALA DE AULA DE INSTITUIÇÃO DE ENSINO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. IRRESIGNAÇÃO. PRELIMINAR DE NULIDADE DO JULGADO. REJEIÇÃO. ATO DE PREPOSTO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA INSTITUIÇÃO (ART. 14, CAPUT, DA LEI N.º 8.078/90). DEVER DE SEGURANÇA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. PRECEDENTES DESTA CORTE DE JUSTIÇA. DANO, CONDUTA E NEXO DE CAUSALIDADE COMPROVADOS. ALEGAÇÃO DE CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA NÃO PROVADA. DANO MORAL CONFIGURADO, QUE OCORRE IN RE IPSA. AGRESSÕES RECÍPROCAS. CONCORRÊNCIA DE CAUSAS. APLICAÇÃO DE MÉTODO BIFÁSICO. PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO QUE IMPÕEM A FIXAÇÃO DO QUANTUM COMPENSATÓRIO EM R$ 12.000,00 (DOZE MIL REAIS), AQUÉM DA MÉDIA ARITMÉTICA EXTRAÍDA DOS PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL, EM CASOS ASSEMELHADOS. CONCORRÊNCIA DE CAUSAS. REDUÇÃO PARA R$ 6.000,00 (SEIS MIL REAIS). APELANTE QUE, À ÉPOCA DO EVENTO, ERA ADOLESCENTE (16 ANOS). RECORRIDA QUE É RESPONSÁVEL PELA FORMAÇÃO INTELECTUAL DO CORPO DISCENTE. PREVALÊNCIA DOS ASPECTOS PUNITIVO E PEDAGÓGICO DO INSTITUTO DO DANO EXTRAPATRIMONIAL. APLICAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. CORREÇÃO MONETÁRIA. SÚMULA N.º 362 STJ. JUROS DE MORA A CONTAR DO EVENTO DANOSO (ART. 398 DO CÓDIGO CIVIL). SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. ADESÃO A VOTO VENCIDO NO RESP N.º 903.258/RS E A RECENTÍSSIMO PRECEDENTE (RESP. N.º 886.619/SP), PUBLICADO AOS 18/9/2012. RECURSO A QUE SE DÁ PARCIAL PROVIMENTO. CONDENAÇÃO DA APELADA A COMPOR OS CONSECTÁRIOS DA SUCUMBÊNCIA.
Precedente Citado : TJRJ AC 0029808 70.2009.8. 19.0021, Rel. Des. Maria Regina Nova Alves, julgada em 04/09/2012 e AC 0006313 57.2009.8.19.0001, Rel. Des. Luciano Rinaldi, julgada em 04/04/2012.
APELACAO CIVEL 0125198 64.2008.8.19.0001
CAPITAL DECIMA OITAVA CAMARA CIVEL Unânime
DES. GILBERTO GUARINO Julg: 27/11/2012
Ementa número 3
ASSALTO NO INTERIOR DE AGENCIA BANCARIA
AGENTE DE SEGURANCA
DISPARO DE ARMA DE FOGO
INSTITUICAO FINANCEIRA
RESPONSABILIDADE OBJETIVA
TEORIA DO RISCO PROVEITO
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ASSALTO EM INTERIOR DE AGÊNCIA BANCÁRIA. SEGURANÇA DO BANCO QUE REAGE AO ASSALTO. TIROTEIO. SOBRINHA DA AUTORA ATINGIDA POR PROJÉTIL DE ARMA DE FOGO. A CONSTANTE FREQÜÊNCIA DE ASSALTOS À AGÊNCIA BANCÁRIA JUSTIFICA A RESPONSABILIDADE DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, MORMENTE EM DECORRÊNCIA DA IMPRUDENTE REAÇÃO DO SEGURANÇA DA AGÊNCIA. NOS DIAS DE HOJE, O ASSALTO, EM AGÊNCIA BANCÁRIA, DEIXOU DE POSSUIR O ATRIBUTO DE IMPREVISÍVEL E INEVITÁVEL, TAL A HABITUALIDADE DE SUA OCORRÊNCIA. RESPONSABILIDADE DO RÉU SEGURAMENTE EM FACE DO RISCO PROVEITO. ¿QUANTUM¿ INDENIZATÓRIO QUE FOI DEVIDAMENTE FIXADO, NÃO ESTANDO A MERECER QUALQUER MINORAÇÃO. RECURSO IMPROVIDO.
Precedente Citado : STJ REsp 357404/RJ, Rel. Min. Fernando Gonçalves, julgado em 04/10/2005.
APELACAO CIVEL 0301664 73.2009.8.19.0001
CAPITAL DECIMA PRIMEIRA CAMARA CIVEL Unânime
DES. JOSE C. FIGUEIREDO Julg: 28/11/2012
Ementa número 4
CARTAO DE CREDITO BANCARIO
BLOQUEIO INDEVIDO
VIAGEM AO EXTERIOR
RESTRICAO DE USO
DANO MORAL
OCORRENCIA
DIREITO DO CONSUMIDOR. CONTRATO CARTÃO DE CRÉDITO. BLOQUEIO INJUSTIFICADO DO CARTÃO. IMPOSSIBILIDADE DE SEU USO EM VIAGEM AO EXTERIOR, APESAR DA COMUNICAÇÃO FEITA À ADMINISTRADORA DO CARTÃO. DANO MORAL. OCORRÊNCIA. VERBA FIXADA EM VALOR RAZOÁVEL NÃO MERECENDO A REDUÇÃO PRETENDIDA. RECURSO DE APELAÇÃO AO QUAL FOI NEGADO SEGUIMENTO COM FULCRO NO ART. 557 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. INCONFORMISMO DA APELANTE MANIFESTADO POR MEIO DE AGRAVO. APRECIAÇÃO OBRIGATÓRIA DA CONTROVÉRSIA PELO COLEGIADO. A relação entre as partes é de consumo, tendo em vista que a autora se amolda ao art. 2º, do CDC e a ré ao art. 3º, do mesmo diploma legal. A administradora não se desincumbiu de provar que o defeito era proveniente do uso indevido de seu titular, mas ao contrário, confessa que houve o bloqueio do mesmo, admitindo ser prática usual da empresa o bloqueio temporário dos cartões que administra, quando julga não habitual seu uso. Entretanto, restou incontroverso nos autos, já que não impugnado pelo réu, que a autora comunicou a sua viagem ao exterior, solicitando o desbloqueio do cartão para uso internacional, tendo declinado, na inicial, o nº do protocolo desta solicitação, não havendo falar em uso não habitual que justificasse o bloqueio efetuado. A responsabilidade da instituição financeira ré é objetiva, na forma do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, cabendo apenas a demonstração do nexo causal entre o dano sofrido e a conduta do seu causador, o que ficaram evidenciados nos autos. Evidente que tal fato não foi mero aborrecimento, mas configurou dano moral, principalmente porque gerou frustração, angústia e preocupações que diferem dos aborrecimentos cotidianos, não sendo difícil de se imaginar as agruras de quem está em país estrangeiro, com limitada quantia de dinheiro, e verifica que seus recursos foram drasticamente reduzidos em decorrência de bloqueio do cartão que contratou com a finalidade de utilização no exterior. A verba fixada na sentença em R$ 8.000,00 (oito mil reais) se mostra adequada para compensar o dano experimentado, não merecendo qualquer censura. Precedentes do TJERJ Razões trazidas no agravo previsto no artigo 557, § 1º, do Código de Processo Civil que não são capazes de elidir o acerto da decisão monocrática. Recurso ao qual se nega provimento.
Precedente Citado : STJ REsp 215449/SP, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 02/04/2002. TJRJ AC 0019639 42.2009.8.19.0209, Rel. Des. Jacqueline Montenegro, julgada em 31/07/2012.
APELACAO CIVEL 0011468 70.2011.8.19.0001
CAPITAL DECIMA SEXTA CAMARA CIVEL Unânime
DES. LINDOLPHO MORAIS MARINHO Julg: 06/11/2012
Ementa número 5
CIRURGIA DE URGENCIA
FORNECIMENTO DE MATERIAL
RECUSA DE COBERTURA
PRATICA ABUSIVA
C.DE DEFESA DO CONSUMIDOR
VIOLACAO DO DIREITO
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. DIREITO DO CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE. CIRURGIA EM CARÁTER DE URGÊNCIA PELO RISCO DE PERDA DE MEMBRO. REQUISIÇÃO DE MATERIAL INDICADO EM PEDIDO MÉDICO CONTESTADO PELA RÉ POR NÃO SER DE UMA DAS MARCAS QUE O PLANO DISPONIBILIZA. NÃO CABE AO PLANO DE SAÚDE DECIDIR QUAL O PROCEDIMENTO MÉDICO MAIS ADEQUADO A PROPICIAR A SOBREVIDA DE SEU USUÁRIO. INTERPRETAÇÃO QUE DEVE SER MAIS FAVORÁVEL AO CONSUMIDOR. DIREITO À SAÚDE QUE TEM PRIORIDADE SOBRE AS CLÁUSULAS CONTRATUAIS. GARANTIA CONSTITUCIONAL. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA. Apelante que não negou autorização para a cirurgia, mas atrasou o procedimento, pois não concordou em disponibilizar o material na marca informada pelo médico da apelada. Tal fato gerou clara angústia da recorrida enquanto aguardava a liberação do procedimento, que, diga se, era essencial para que não tivesse que amputar um de seus membros. O contrato se encontra em plena vigência e a necessidade de urgência na realização da cirurgia foi comprovada nos autos, por isso a recusa pela liberação do material, nos termos requeridos pelo médico da apelada, se mostra injustificada e abusiva. Isto porque compete somente ao médico que acompanha o caso definir qual o material mais indicado para alcançar o seu objetivo, seja de cura ou de melhora na qualidade de vida do paciente. Nestes casos, o plano de saúde não pode se recusar a custear o material nos moldes como prescrito. Incidência do enunciado n° 24 do Encontro dos Desembargadores com competência cível, publicado no Aviso nº 83/2009. Precedentes deste Tribunal. Sentença que não merece reparo. CONHEÇO DO RECURSO E NEGO LHE PROVIMENTO.
Precedente Citado : TJRJ AC 0019973 62.2008.8. 19.0031, Rel. Des. Guaraci Campos Vianna, julgada em 27/04/2012 e AC 0194344 61.2009.8.19.0001, Rel. Des. Ricardo Couto, julgada em 30/11/2011.
APELACAO CIVEL 0009555 61.2009.8.19.0021
DUQUE DE CAXIAS TERCEIRA CAMARA CIVEL Unânime
DES. CEZAR AUGUSTO R. COSTA Julg: 13/11/2012
Ementa número 6
COMPRA E INSTALACAO DE PISO
VICIO DO PRODUTO
SOLIDARIEDADE ENTRE FABRICANTE E VENDEDOR
DANO MATERIAL
COMPROVACAO
DANO MORAL
AGRAVO LEGAL EM APELAÇÕES CÍVEIS CONTRA DECISÃO QUE NEGOU SEGUIMENTO A AMBOS OS RECURSOS. AÇÃO INDENIZATÓRIA. RELAÇÃO DE CONSUMO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. VÍCIO DO PRODUTO. PISO QUE APRESENTOU DESGASTE MESES APÓS À AQUISIÇÃO. SOLIDARIEDADE ENTRE O FABRICANTE E O COMERCIANTE. APLICAÇÃO DO ART. 18 DO CDC. DANO MORAL CONFIGURADO. 1. Ação de indenização por danos materiais e moral, em decorrência de vício no piso adquirido pela autora para colocação em sua residência, o qual veio a apresentar, com menos de um ano de uso, desgastes fora da normalidade. 2. A sentença deu guarida ao pleito da autora, condenando as rés, de forma solidária, a pagar à autora os danos materiais comprovados e o dano moral suportado. 3. De certo que, em relação à pretensão indenizatória, decorrente de fato do produto, incide o prazo prescricional de cinco anos do art. 27 do CDC. 4. Ainda que existente pleito de devolução da quantia paga, as reclamações da autora obstam a decadência (art. 26, II c/c §2º, I, da Lei nº 8.078/90). 5. Inegável que a relação jurídica entabulada se afigura de consumo, emoldurando se as partes na figura de consumidor e fornecedor (arts. 2º e 3º, da Lei nº8078/90), de modo a ensejar a aplicação das regras consumeiristas, como forma de restabelecer o equilíbrio e igualdade. 3. Com fundamento na teoria do risco do empreendimento, adotada pelo Código do Consumidor, aquele que se disponha a exercer qualquer atividade no mercado de consumo deverá suportar os ônus decorrentes dos vícios e defeitos do produto ou do serviço oferecido, prescinde se da análise da culpa. 4. Solidariedade entre o fabricante e o comerciante que decorre do art. 18 do CDC, uma vez que a hipótese dos autos é de vício e não de fato do produto. 5. Prova pericial conclusiva no sentido de que o piso adquirido pela autora é classificado como PEI 4, o que significa que é recomendado ao uso em locais de alto tráfego, podendo ser utilizado em todas as dependências residenciais e pequenos ambientes comerciais que não tenham portas externas, como por exemplo salas comerciais de shoppings ou galerias. 6. Embora exista possibilidade de o atrito causado pelo material existente na área externa da residência da autora ter ocasionado à abrasão do piso, tal fato não tem o condão de afastar a responsabilidade das rés, em virtude da falha do dever anexo ao produto, que se constitui o dever de informação, que tem guarida no art. 4°, IV c/c 6°, III, do CODECON e no princípio da boa fé objetiva (artigo 4º, III, do mesmo estatuto). 7. A falta de informações necessárias, no momento da contratação, desvirtuam a vontade do consumidor que, muitas vezes, não finalizaria a compra de um bem ou a contratação de um serviço, se tivesse a exata compreensão dos exatos termos do objeto consumido. 8. Dano material devidamente comprovado. Necessidade de reparação integral, razão pela qual deve o autor suportar os gastos inerentes à substituição do piso. 9. Dano moral configurado. Transtornos ocasionados que refogem aos aborrecimentos habituais e corriqueiros importando em violação aos direitos integrantes da personalidade. 10. Verba indenizatória fixada em observância aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, além de atentar aos seus aspectos compensatórios e sancionatórios do instituto. 11. Recurso desprovido.
Precedente Citado : TJRJ AC 0000895 51.2008.8. 19.0203, Rel. Des. Marco Aurelio Froes, julgada em 17/06/2010 e AC 0270222 60.2007.8.19.0001, Rel. Des. Alexandre Camara, julgada em 27/04/2009.
APELACAO CIVEL 0005618 74.2010.8.19.0064
VALENCA OITAVA CAMARA CIVEL Unânime
DES. MONICA COSTA DI PIERO Julg: 06/11/2012
Ementa número 7
CONSORCIO
DESISTENCIA DO CONSORCIADO
RESTITUICAO DAS IMPORTANCIAS PAGAS
POSSIBILIDADE
CLAUSULA PENAL
VALIDADE
Ação indenizatória. Programa de consórcio. Desistência da autora. Pedido de restituição imediata dos valores pagos. Possibilidade. Ausência de comprovação de prejuízo ao consórcio. Ônus que incumbia à ré, administradora do grupo. Legalidade da cláusula penal inserida em contrato de adesão. Parcial provimento. 1. Não se ignora que o Superior Tribunal de Justiça, adotando o regime dos recursos repetitivos, consolidou entendimento no sentido de que a devolução deve ser feita em até trinta dias, porém somente após o término do grupo (REsp 1119300/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 14/04/2010, DJe 27/08/2010).2. Todavia, a própria jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é uníssona em afirmar que as decisões proferidas sob o regime de recurso repetitivo são desprovidas de força vinculante, ante à ausência de norma legal que assim preveja (AgRg na Rcl 5.121/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 23/02/2011, DJe 02/03/2011).3. Se de um lado o afastamento do participante provoca a diminuição de ingresso de capital no grupo, de outro lado fica reduzido o encargo do mesmo grupo, que terá de entregar um bem ou serviço a menos.4. Cabia à ré, administradora do consórcio, o ônus de comprovar que o grupo não possui disponibilidade de recursos; que existe circunstância de maior urgência que justifique a utilização do fundo de reserva; ou que é impossível a cessão da cota do consorciado desistente para terceiro, que assumiria sua posição no grupo.5. Inexistindo prova do efetivo prejuízo que a desistência da autora acarretaria ao grupo, entendo ser desproporcional e desarrazoado submeter a demandante à longa espera para obter a restituição dos valores pagos.6. Cumpre destacar que não se mostra ilegal ou abusiva a cláusula inserida em contrato de adesão que preveja multa em caso de inadimplemento do consumidor. Por fim, cumpre destacar que não se mostra ilegal ou abusiva a cláusula inserida em contrato de adesão que preveja multa em caso de inadimplemento do consumidor. Saliente se que a inserção de cláusula penal é perfeitamente válida e legal, a teor do disposto no art. 408 e seguintes do Código Civil.7. Parcial provimento do recurso.
APELACAO CIVEL 0053184 48.2009.8.19.0001
CAPITAL DECIMA NONA CAMARA CIVEL Unânime
DES. MARCOS ALCINO A TORRES Julg: 28/08/2012
Ementa número 8
CONTRATO DE FINANCIAMENTO
COBRANCA DE HONORARIOS DE ADVOGADO
COBRANCA EXTRAJUDICIAL
CLAUSULA ABUSIVA
NULIDADE
RESTITUICAO SIMPLES
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. CONTRATO DE FINANCIAMENTO. CLÁUSULA DE COBRANÇA DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. COBRANÇA EXTRAJUDICIAL. VANTAGEM EXAGERADA. NULIDADE RECONHECIDA. REPETIÇÃO EM DOBRO. DESCABIMENTO. PROVIMENTO PARCIAL DO PRIMEIRO RECURSO. DESPROVIMENTO DO SEGUNDO. 1. Malfere o sistema de proteção do consumidor a inserção, em contrato de adesão, de cláusula que autoriza a cobrança de valor fixo a título de honorários advocatícios tendo como fato gerador cobrança extrajudicial, sem a necessária e prévia comprovação da efetiva despesa suportada pelo credor em razão da mora do devedor. 2. Embora tal imposição contratual esteja em desarmonia com o artigo 51, IV, do CDC, não se vislumbra, aprioristicamente, a alegada má fé por envolver interpretação de cláusula contratual, o que impõe a restituição do indébito de modo simples. 3. Provimento parcial do primeiro recurso e desprovimento do segundo.
Precedente Citado : TJRJ AC 0079595 31.2009.8. 19.0001, Rel. Des. Benedicto Abicair, julgada em 31/08/2011 e AC 0001203 83.2003.8.19.0067, Rel. Des. Jorge Luiz Habib, julgada em 26/07/2011.
APELACAO CIVEL 0418429 93.2010.8.19.0001
CAPITAL DECIMA SETIMA CAMARA CIVEL Unânime
DES. ELTON LEME Julg: 31/10/2012
Ementa número 9
CURSO SUPERIOR DE GRADUACAO
SUSPENSAO DO SERVICO
CLAUSULA CONTRATUAL
VIOLACAO DO PRINCIPIO DA BOA FE OBJETIVA
NULIDADE DE PLENO DIREITO
OBRIGACAO DE INDENIZAR
AÇÃO INDENIZATÓRIA. RELAÇÃO DE CONSUMO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR. SUSPENSÃO SUMÁRIA DE CURSO. BOA FÉ OBJETIVA E FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO. VIOLAÇÃO À LEGÍTIMA EXPECTATIVA DO ALUNO/CONSUMIDOR. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. REFORMA. 1 Aplica se ao caso o Código de Defesa do Consumidor, o que não fere as disposições das leis próprias dos estabelecimentos de ensino, que devem ser interpretadas harmonicamente com as normas daquele diploma. Ora, o estatuto consumerista criou verdadeiro sistema protetivo ao consumidor, que se irradia aos demais ramos do ordenamento jurídico. 2 Suspensão sumária de curso de graduação pelo réu, após a autora ter cursado três semestres, sustentando se a legitimidade da conduta em razão de questões financeiras e da existência de previsão contratual e legal neste sentido. Violação aos princípios da boa fé objetiva e da função social do contrato, que permeiam todas as relações contratuais, na medida em que restou negado o próprio objeto da avença, que é a prestação do curso até a graduação. Frustração da confiança e da legítima expectativa depositada pelos consumidores ao longo de meses, ou anos, de vigência do contrato de ensino. Teoria do risco proveito, não podendo o prestador do serviço transferir ao consumidor o risco do negócio. 3 Dano moral configurado. Transtorno, angústia, insegurança e impotência em razão da suspensão do curso. Dever de compensar. Arbitramento da verba conforme os princípios atinentes à matéria. Reforma do julgado, com a inversão dos ônus de sucumbência. PROVIMENTO DO RECURSO.
APELACAO CIVEL 0007036 08.2011.8.19.0001
CAPITAL NONA CAMARA CIVEL Unânime
DES. CARLOS SANTOS DE OLIVEIRA Julg: 30/10/2012
Ementa número 10
EDIFICIO PALACE I
DESABAMENTO E INTERDICAO DE PREDIO VIZINHO
DESVALORIZACAO DO IMOVEL
C.DE DEFESA DO CONSUMIDOR
APLICABILIDADE
INDENIZACAO POR DANOS MORAIS
Apelação Cível. Edifício Palace I. Desabamento e interdição de prédio vizinho. Menor valia indenização. Danos morais adequados. Evidencia se a menor valia e consequente desvalorização do imóvel dos Apelados, em razão da dificuldade de venda ou locação de apartamento situado em prédio interditado pelo Poder Público, em decorrência do desabamento do edifício vizinho, amplamente noticiado pela mídia em âmbito nacional. Identificado e proclamado o bom direito dos Autores an debeatur no curso do processo de conhecimento, afigura se correta a determinação para a apuração do quantum debeatur em fase de liquidação de sentença. Não merece reparo a sentença com relação ao arbitramento da indenização por danos morais, considerando como parâmetros o dano, a situação anterior, o poder financeiro e econômico das pessoas envolvidas, as circunstância do caso e a gravidade da falta cometida pelo Réu. Recurso desprovido.
APELACAO CIVEL 0003008 96.2004.8.19.0209
CAPITAL NONA CAMARA CIVEL Unânime
DES. CARLOS EDUARDO MOREIRA SILVA Julg:
06/11/2012
Ementa número 11
EMPREENDIMENTO IMOBILIARIO
NEGOCIO NAO CONCRETIZADO
FRUSTRACAO DE EXPECTATIVA
HONORARIOS DE CORRETAGEM
RETENCAO INDEVIDA
IMPOSSIBILIDADE
APELAÇÃO CÍVEL. EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO EM CONSTRUÇÃO. PAGAMENTO A TÍTULO DE CORRETAGEM E ASSESSORAMENTO. FRUSTRAÇÃO DA CONCLUSÃO DO NEGÓCIO POR CIRCUNSTÂNCIAS ALHEIAS À VONTADE DO CONSUMIDOR. RETENÇÃO DOS VALORES. IMPOSSIBILIDADE. DANO MORAL. VERBA INDENIZATÓRIA FIXADA NOS LIMITES DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. A empresa que atua no ramo imobiliário, através da prestação de serviços de assessoramento e corretagem de unidades habitacionais construídas como empreendimento imobiliário, responde solidariamente pelos danos sofridos pelo promitente comprador, a luz das regras do artigo 3º do CDC. A relação jurídica estabelecida entre as partes rege se pela Lei n. 8078/90, enquadrando se a parte Autora no conceito de consumidora e a Ré no de fornecedor de serviço. No que tange ao dano moral, verifica se a sua ocorrência no momento em que a parte autora viu frustrada a expectativa de adquirir a casa própria, sendo inadmissível que antecipe o pagamento à empresa imobiliária, com habitualidade no mercado. O dano moral surge com evidência, pois não se trata de contrato entre agentes negociadores por natureza, mas firmado com pessoa física, de parca renda, que empenha seus poucos recursos na consecução de uma condição primordial de sobrevivência humana, a moradia e que foi lesada em sua boa fé. A indenização, neste caso, tem inclusive caráter pedagógico, com base na teoria do desestímulo, para evitar condutas reiteradas. O valor da indenização deve levar em conta os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, portanto, assemelha se razoável a quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais para cada autor), considerando os critérios já mencionados, levando em conta ainda, o valor do negócio, e a capacidade econômica das partes. APELAÇÃO CÍVEL DESPROVIDA.
Precedente Citado : TJRJ AC 0008608 75.2011.8. 19.0202, Rel. Des. Teresa Castro Neves, julgada em 03/07/2012 e AC 0023662 94.2010.8.19.0209, Rel. Des. Gilda Carrapatoso, julgada em 14/06/2012.
APELACAO CIVEL 0007424 08.2011.8.19.0001
CAPITAL DECIMA OITAVA CAMARA CIVEL Unânime
DES. JORGE LUIZ HABIB Julg: 06/11/2012
Ementa número 12
FURTO DE ENERGIA ELETRICA
FRAUDE NO MEDIDOR DE CONSUMO DE ENERGIA
PROVA PERICIAL CONCLUSIVA
VISTORIA
EXERCICIO REGULAR DE DIREITO
AUSENCIA DO DEVER DE INDENIZAR
"INDENIZATÓRIA. FURTO DE ENERGIA ELÉTRICA. Ação indenizatória através da qual a parte autora alegou ter sofrido danos em razão de vistoria realizada pela ré, que culminou com a retirada do relógio medidor para perícia, por indícios de furto de energia elétrica, com religamento da energia somente no dia seguinte. Nos termos do art. 72, I e II c/c 90 da Resolução nº 456 da Aneel, se a concessionária verifica a ocorrência de indícios de furto de energia elétrica, fica autorizada a suspender o fornecimento, retirar o relógio medidor e o encaminhar para a perícia. O aparelho foi submetido a exame por peritos criminais da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados, que constataram irregularidade no medidor de energia elétrica. A prova produzida nos autos revela que a concessionária agiu no exercício regular de seu direito, uma vez que suspeitou de fraude no medidor. Diante da legalidade no procedimento de vistoria realizado pela ré, o dever de indenizar resta afastado. Primeiro recurso provido. Prejudicada a apreciação do segundo, nos termos do voto do Desembargador Relator."
Precedente Citado : TJRJ AC 0008269 12.2011.8. 19.0075, Rel. Des. Antonio Cesar Siqueira, julgada em 16/07/2012 e AC 0007007 63.2010.8.19.0042, Rel. Des. Cherubin Helcias Schwartz, julgada em 02/07/ 2012.
APELACAO CIVEL 0009714 09.2007.8.19.0042
PETROPOLIS DECIMA QUINTA CAMARA CIVEL Unânime
DES. RICARDO RODRIGUES CARDOZO Julg: 13/11/2012
Ementa número 13
PEELING FACIAL
TRATAMENTO INADEQUADO
DANO ESTETICO
LAUDO PERICIAL
INOCORRENCIA DE PREJUIZO
IMPROCEDENCIA DO PEDIDO INDENIZATORIO
APELAÇÃO. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS, MATERIAIS E ESTÉTICOS. PEELING QUÍMICO FACIAL. ALEGAÇÃO DE QUEIMADURAS E MANCHAS ROXAS DURANTE O TRATAMENTO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA, POR DECISÃO NA FORMA DO ART. 557 DO CPC. AGRAVO INTERNO. RESPONSABILIDADE DA CLÍNICA É EXTRAÍDA DO DISPOSTO NO ART. 14, CAPUT, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. CONTUDO, A RESPONSABILIDADE DOS HOSPITAIS E CLÍNICAS SERÁ OBJETIVA SOMENTE NO QUE SE REFERE DIRETAMENTE AOS SERVIÇOS PRESTADOS PELO ESTABELECIMENTO E NÃO AOS SERVIÇOS PROFISSIONAIS DOS MÉDICOS QUE ALI ATUAM OU PRESTEM SERVIÇOS AO ESTABELECIMENTO. É PRESCINDÍVEL PARA CARACTERIZAR A RESPONSABILIZAÇÃO DO FORNECEDOR DO SERVIÇO, NOS TERMOS DO QUE ESTABELECE O ARTIGO 14 DO CDC, QUE TENHA OCORRIDO DEFEITO RELATIVO À PRESTAÇÃO DO SERVIÇO, OU SEJA, A CULPA DO PREPOSTO DO ESTABELECIMENTO QUE FORNECEU O ATENDIMENTO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DA MÉDICA QUE REALIZOU OS PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS NA AUTORA, NOS TERMOS DO ART. 14, §4º DO CDC, CABENDO LHE COMPROVAR QUE OS DANOS SUPORTADOS PELA PACIENTE NÃO OCORRERAM E, EM CASO POSITIVO, DECORRERAM DE FATORES EXTERNOS E ALHEIOS A SUA ATUAÇÃO PROFISSIONAL. LAUDO ELABORADO PELO EXPERT DO JUÍZO QUE ENTENDEU QUE A REAÇÃO SUPORTADA PELA AGRAVANTE FOI A ESPERADA PARA ESSE TIPO DE TRATAMENTO, RESSALTANDO SE, AINDA, QUE NÃO IMPORTARAM EM NENHUMA SEQUELA, NÃO APRESENTANDO QUALQUER MANCHA OU CICATRIZ, RECUPERANDO SE APÓS DUAS SEMANAS, TEMPO ADEQUADO AO ESTIMADO PARA ESTE TIPO DE PROCEDIMENTO. TERMO DE CONSENTIMENTO DE PLENO CONHECIMENTO DA AUTORA SUFICIENTE A DEMONSTRAR AS POSSÍVEIS REAÇÕES. INEXISTÊNCIA DE IMPERÍCIA DA MÉDICA A ENSEJAR O PLEITO INDENIZATÓRIO. NEGA SE PROVIMENTO AO RECURSO.
Precedentes Citados:STJ REsp 1269832/RS Rel. Min. Castro Meira, julgado em 06/09/2011. TJRJ AC 2008.001.03858, Rel. Des. Celia Meliga Pessoa, julgada em 18/03/2008.
APELACAO CIVEL 0154451 97.2008.8.19.0001
CAPITAL QUINTA CAMARA CIVEL Unânime
DES. ANTONIO SALDANHA PALHEIRO Julg: 27/11/2012
Ementa número 14
PRESTACAO DE SERVICOS A CONSUMIDOR
GESTANTE
NEGATIVA DE ATENDIMENTO PRIORITARIO
VIOLACAO DE LEI
SERVICO MAL PRESTADO
DANO MORAL
EMENTA APELAÇÃO CÍVEL INDENIZATÓRIA PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVA TESTEMUNHAL MODALIDADE PROBATÓRIA PRESCINDÍVEL AO EXAME DA CONTROVÉRSIA MÉRITO CONSUMIDOR AGRESSÕES VERBAIS PROFERIDAS POR CLIENTE DA RÉ EM FACE DA AUTORA NO TERCEIRO MÊS DE GESTAÇÃO QUANDO SE DIRIGIU AO CAIXA DE ATENDIMENTO PREFERENCIAL REITERADOS QUESTIONAMENTOS ACERCA DO ESTADO GRAVÍDICO DA AUTORA POR PREPOSTA DA RÉ RECUSA NO RECEBIMENTO DE BOLETO BANCÁRIO PAGAMENTO EFETUADO SOMENTE APÓS O RETORNO DA GESTANTE AO ESTABELECIMENTO ACOMPANHADA DE POLICIAL MILITAR RECUSA DE ATENDIMENTO PRIORITÁRIO MANIFESTA VIOLAÇÃO À LEI FEDERAL Nº 10.048/2000 PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DEFEITUOSO DANO MORAL CONFIGURADO FORNECIMENTO DE DADOS DO AGRESSOR PELA RÉ, COM VISTAS AO EXERCÍCIO PELA AUTORA DE PRETENSÃO INDENIZATÓRIA IMPOSSIBILIDADE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA INVIOLABILIDADE DE DADOS PROVIMENTO AO PRIMEIRO RECURSO (RÉU) E PROVIMENTO PARCIAL AO SEGUNDO APELO (AUTORA) INVERSÃO DO ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA.
Precedente Citado : TJRJ AC 0010721 12.2005.8. 19.0202, Rel. Des. Marcos Alcino Torres, julgada em 31/03/2009.
APELACAO CIVEL 0035803 94.2009.8.19.0205
CAPITAL DECIMA SEGUNDA CAMARA CIVEL Unânime
DES. MARIO GUIMARAES NETO Julg: 13/11/2012
Ementa número 15
RELACAO DE CONSUMO
CRUZEIRO MARITIMO
CANCELAMENTO
FRUSTRACAO DE EXPECTATIVA
TEORIA DO RISCO DO EMPREENDIMENTO
DANO MORAL IN RE IPSA
AGRAVO INTERNO NA APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. RELAÇÃO DE CONSUMO. VIAGEM TURÍSTICA DE NAVIO MSC. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA QUE INDEPENDE DE CULPA. FALHA NO SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO INVIABILIZANDO A VIAGEM. PERÍODO DE NATAL. CANCELAMENTO DO CRUZEIRO MARÍTIMO. DANOS MORAIS IN RE IPSA CONFIGURADOS. SENTENÇA QUE CONDENOU A RÉ RESTITUIR O VALOR DESPENDIDO PARA A VIAGEM E A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS O QUANTUM DE R$3.000,00 (TRÊS MIL REAIS) PARA CADA AUTOR. VALOR QUE ATENDE AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. PRECEDENTES. AGRAVO DESPROVIDO.
APELACAO CIVEL 0247228 96.2011.8.19.0001
CAPITAL OITAVA CAMARA CIVEL Unânime
DES. CARLOS AZEREDO DE ARAUJO Julg: 27/11/2012
Ementa número 16
RELACAO DE CONSUMO
ACIDENTE COM MENOR
LOJA COMERCIAL
RESPONSABILIDADE OBJETIVA
REDUCAO DO DANO MORAL
S Agravo Interno em apelação cível. Ação reparatória por danos morais. Acidente ocorrido no interior da loja de brinquedos da ré. Ferimento que sofreu o autor, menor, em sua perna esquerda, consistente em corte longitudinal em decorrência de colisão com uma ponta de ferro exposta em uma das gôndolas do estabelecimento da ré. Relação de consumo. Responsabilidade objetiva nos termos do art. 14 do CDC. Excludente de responsabilidade não provada. Danos morais configurados. Sentença de procedência que se reforma, em parte, para reduzir o valor da indenização por danos morais. Manutenção da decisão monocrática. Desprovimento do agravo interno.
APELACAO CIVEL 0000089 64.2009.8.19.0208
CAPITAL SETIMA CAMARA CIVEL Unânime
DES. LUCIANO RINALDI Julg: 21/11/2012
Ementa número 17
RELACAO DE CONSUMO
COMPRA PELA INTERNET
FRAUDE
FALHA NA PRESTACAO DO SERVICO
VIOLACAO DO DEVER DE CUIDADO
DANO MORAL
AGRAVO INOMINADO CONTRA DECISÃO QUE DEU PARCIAL PROVIMENTO A APELAÇÃO, COM BASE NO ART. 557, §1º A, DO CPC. ORDINÁRIA. INDENIZATÓRIA. RELAÇÃO DE CONSUMO. TRANSAÇÃO EFETUADA PELA INTERNET. COMPRA DE VEÍCULO. DEPÓSITO DOS VALORES SEM A CORRESPONDENTE ENTREGA DO AUTOMÓVEL. FRAUDE. PRETENSÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA QUANTO AOS 3º, 4º, 5º, E 6º RÉUS, E IMPROCEDÊNCIA EM RELAÇÃO AOS 1º, E 2º DEMANDADOS. IRRESIGNAÇÃO. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO EVIDENCIADA. ATUAÇÃO DE ESTELIONATÁRIOS QUE NÃO AFASTA A RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA 1ª RÉ/1ª APELADA, UMA VEZ QUE NÃO APENAS VEICULA OS ANÚNCIOS, MAS CONTRIBUI EFETIVAMENTE PARA A APROXIMAÇÃO DO CONSUMIDOR E FORNECEDOR DO PRODUTO, AO RECEBER E ENCAMINHAR AS PROPOSTAS ÀQUELE, APRESENTANDO SE COMO SITE DE VENDA DE CARROS E MOTOS. DEVER DE CUIDADO NÃO OBSERVADO, ENSEJANDO A OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR PELOS PREJUÍZOS OCASIONADOS. REPARAÇÃO PELOS VALORES COMPROVADAMENTE EXPENDIDOS CORRETAMENTE DETERMINADA. QUANTUM A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS ARBITRADO EM CONSONÂNCIA COM OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. PARCIAL REFORMA DA DECISÃO A QUO. RECURSO AO QUAL SE DEU PARCIAL PROVIMENTO. MANTIDA A SOLUÇÃO ANTERIOR DESTE RELATOR. AGRAVO CONHECIDO E DESPROVIDO.
APELACAO CIVEL 0012636 10.2007.8.19.0014
CAMPOS DECIMA SEXTA CAMARA CIVEL Unânime
DES. MAURO DICKSTEIN Julg: 04/12/2012
Ementa número 18
SEGURO DE VEICULO
RECUSA DE COBERTURA
AGRAVAMENTO DO RISCO
ALEGACAO NAO PROVADA
ILEGALIDADE DA RECUSA
OBRIGACAO DE INDENIZAR
DIREITO DO CONSUMIDOR. SEGURO DE AUTOMÓVEL ARRENDADO POR FILHO DE SEGURADA QUE É A CONDUTORA DO VEÍCULO. NEGATIVA DE COBERTURA DE SINISTRO, SOB ALEGAÇÃO DE AGRAVAMENTO DE RISCO. FATO INEXISTENTE. ILICITUDE DA RECUSA. DEVER DE A SEGURADORA INDENIZAR DANOS MATERIAIS E MORAIS. Ação de responsabilidade civil proposta por segurada em face de seguradora em razão de esta ter autorizado em um dia e negado no seguinte o reparo de veículo segurado, ao argumento de que a consumidora agravara os riscos, porque o veículo segurado, de propriedade de instituição financeira, era por esta arrendado a seu filho. Sentença de improcedência. 1. Nada impede que veículo de propriedade de arrendadora, seja segurado por outrem, que não seja o arrendatário, do mesmo modo como nada impede que alguém detenha a posse de bem móvel, por força de leasing, e o destine ao uso de outra pessoa, que o segura, sendo tais circunstâncias do conhecimento da seguradora. 2.caso versado, é, portanto, de todo irrelevante que o carro fosse arrendado ao filho da autora, destinado ao uso desta e segurado por ela, que o conduzia no momento do acidente; o que sobreleva é que a seguradora tinha conhecimento de que a condutora do veículo era outra pessoa, que não o arrendatário, no caso, uma senhora idosa, com quem contratara, sendo o bem segurado o automóvel, do qual ela declarou ser a principal condutora. 3. Agravamento do risco haveria se o seguro, contratado com base na pressuposição de que o veículo seria conduzido por pessoa idosa e do sexo feminino (situação que estatisticamente se mostra menos arriscada), quando em verdade se destinava a uso do arrendatário, do sexo masculino e de faixa etária menos avançada, situação que ao revés indica maiores probabilidade de sinistro. 4. Recusa ilícita, que fere a boa fé objetiva, implica dever de a seguradora ressarcir a segurada do dano material que lhe impôs, o qual consiste nas despesas que esta efetuou com os reparos do veículo, com abatimento do correspondente à franquia contratada, ao serviço de reboque do local do acidente para a oficina autorizada pela companhia (dispensado pela consumidora) e, ainda, à substituição de placa de identificação do veículo (eis que não coberta). 5. Tal conduta da seguradora também causa dano moral in re ipsa, agravado pelo fato de a segurada ser septuagenária. 6. Recurso ao qual se dá parcial provimento.
Precedente Citado : TJRJ AC 2009.001.15186, Rel. Des. Helena Candida Lisboa Gaede, julgada em 22/04/2009 e AC 2008.001.16689, Rel. Des. Renato Simoni, julgada em 23/09/2008.
APELACAO CIVEL 0100841 15.2011.8.19.0001
CAPITAL TERCEIRA CAMARA CIVEL Unânime
DES. FERNANDO FOCH LEMOS Julg: 26/09/2012
Ementa número 19
TRANSPLANTE
SEGURO SAUDE
CLAUSULA LIMITATIVA
CONDUTA ABUSIVA
DANO MORAL
CARACTERIZACAO
Apelação cível. Ação de obrigação de fazer cumulada com indenização por danos morais. Necessidade de transplante de pâncreas e rim. Negativa do plano de saúde ao argumento de que o contrato entre as partes possui cláusula específica de exclusão de transplantes de pâncreas, embora haja cobertura para o de rim. Realização do procedimento cirúrgico após deferimento de tutela antecipada. Autora que é beneficiária do plano de saúde coletivo desde 1996, na condição de dependente do esposo. Associados que não tiveram acesso aos termos do contrato à época da celebração. Cláusulas limitativas que devem ser afastadas. Interpretação mais favorável ao consumidor. Inteligência dos arts. 46 e 47CDC. Desvio da finalidade social do contrato. Abusividade e desvantagem exagerada caracterizadas. Aplicação do art. 51, inc. IV c.c. § 1º, inc. II e II CDC. Necessidade de realização da cirurgia por equipe médica e hospital não credenciados por se tratar de implante duplo. Ausência de comprovação pela ré de que os valores cobrados pelos serviços ultrapassem a média praticada no mercado em casos congêneres, inexistindo impugnação aos termos comerciais definidos pelo hospital em que se realizaria a cirurgia da autora. Dano moral configurado. Autora, portadora de diabetes mellitus tipo 1, que aguarda em fila de espera desde 2008 a possibilidade de submeter se ao transplante duplo. Recusa de autorização pela operadora ré que frustra a expectativa da autora. Angústia, ansiedade e medo em momento de grande fragilidade física e emocional. Valor da indenização que se reduz para adequá lo aos parâmetros de proporcionalidade e razoabilidade, bem como aos paradigmas adotados por esta Corte. Recurso parcialmente provido.
Precedentes Citados:STJ REsp 1053810/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 17/12/2009. TJRJ AC 017611 74.2009.8.19.0001, Rel. Des. Paulo Sergio Prestes, julgada em 16/08/2011.
APELACAO CIVEL 0294074 45.2009.8.19.0001
CAPITAL QUINTA CAMARA CIVEL Unânime
DES. CRISTINA TEREZA GAULIA Julg: 11/12/2012
Ementa número 20
TRANSPORTE AQUAVIARIO
TUMULTO
PASSAGEIRO ACOMETIDO DE MAL SUBITO
TEORIA DO RISCO DO EMPREENDIMENTO
DANO MORAL
AGRAVO INOMINADO NA APELAÇÃO CÍVEL. CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. SERVIÇO DE TRANSPORTE PÚBLICO HIDROVIÁRIO. PASSAGEIRA ACOMETIDA DE MAL SÚBITO (DESMAIO). DESORDEM GENERALIZADA NA ESTAÇÃO DAS BARCAS. EVENTO PREVISÍVEL E EVITÁVEL. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM DEBEATUR MANTIDO. VERBA DE SUCUMBÊNCIA CORRETAMENTE ARBITRADA. 1. O caso em tela versa sobre relação de consumo, pois a autora enquadra se no conceito de consumidor descrito no artigo 2º do Código de Proteção e Defesa do Consumidor e a ré no de fornecedor, nos termos do artigo 3º do mesmo diploma legal. Além disso, a demandante é a destinatária final dos serviços prestados pela ré. 2. Pela teoria do risco do empreendimento, tratada no código consumerista, aquele que se dispõe a fornecer bens e serviços tem o dever de responder pelos fatos e vícios resultantes dos seus negócios, independentemente de sua culpa, pois a responsabilidade decorre da atividade de produzir, distribuir e comercializar ou executar determinados serviços. 3. Noutra ponta, a responsabilidade da concessionária prestadora de serviço público de transporte hidroviário é objetiva, na forma do artigo 37, § 6º, da CRFB, de modo que o dever de indenizar requer a comprovação do fato e do nexo causal entre este e o dano. 4. In casu, estão comprovados o fato, o dano sofrido pela autora e o nexo de causalidade, ensejando o dever de indenizar. 5. Por outro lado, registre se que a ré não se desincumbiu do ônus probatório que lhe é imposto, por conta da responsabilidade objetiva, pois não comprovou a existência de excludente de responsabilidade. 6. Deveras, tem se como configurada a falha na prestação de serviço da demandada, em evento previsível e evitável, uma vez que competia a ela organizar o embarque de passageiro e controlar a pontualidade das embarcações, de forma a garantir a segurança e a incolumidade dos seus usuários. 7. Outrossim, inegável o dano moral sofrido pela apelante, que teve frustrada a sua justa expectativa de ser conduzida incólume ao seu destino, vindo a sofrer um mal súbito (desmaio) dentro da estação das barcas, em decorrência de distúrbios envolvendo usuários, atribuídos à falha de serviço da concessionária. 8. Por fim, os honorários advocatícios foram corretamente fixados no mínimo legal e de acordo com a complexidade da causa e o trabalho desenvolvido pelo advogado da demandante, observado o regramento do art. 20 § 3º do CPC. 9. Recurso não provido.
Precedente Citado : TJRJ AC 0293076 14.2008.8. 19.0001, Rel. Des. Lindoplpho Morais Marinho, julga da em 07/02/2012 e AC 0016226 68.20068.19.0001, Rel. Des. Claudio de Mello Tavares, julgada em 18/06/2008.
APELACAO CIVEL 0210090 66.2009.8.19.0001
CAPITAL DECIMA QUARTA CAMARA CIVEL Unânime
DES. JOSE CARLOS PAES Julg: 14/11/2012
Este texto não substitui o publicado no Diário Oficial.